terça-feira, 27 de maio de 2014

Aonde leva essa dança?




"Vem,Te direi em segredo
Aonde leva esta dança..."(Rumi)

O bom é comparar a vida com uma festa, onde todos a nossa volta são nossos convidados, e nós, o aniversariante- o receptor de presentes, o interlocutor de atitudes, o dançarino eficiente- aquele que baila como criança em torno de todos os seus problemas, driblando a idade, sapateando as reclamações e sambando com alegria; aquele que se por um acaso cair, cai com elegância, abre um spacatto e levanta num mortal- o passo mais difícil da dança! 

A dança é a linguagem da alma, a dança é expressão, a dança é arte... A música toca, o corpo sente, o coração palpita, batendo forte e freneticamente de dentro pra fora, a ansiedade se explode em êxtase! 

Toda dança, exige treino, disciplina e responsabilidade, você começa o seu mortal caindo de cabeça, depois de outra tentativa você cai de ombro, de repente você quebra a mão direita, se ausenta por algum tempo, e vem começar tudo de novo, aí você percebe que já não tem mais tanta dificuldade como antes, e ao invés de cair de cabeça, cai de peito, levanta outra vez, ergue a cabeça e acerta o passo! Para repetir? Vai ficando cada vez mais fácil...

Pegue um ritmo, esqueça as medidas, acelere e desacelere, siga o som do coração e improvise esse compasso! Dance com você mesmo - gira, gira, gira em harmonia, conecte-se com as orbitas do universo e descubra o dançarino que há dentro de você. Esqueça os convidados, e tire pra dançar a convidada de honra dessa festa: a VIDA; crie sua própria cadência! 

"Oh, dia, levanta! Os átomos dançam,
As almas, loucas de êxtase dançam.
A abóbada celeste, por causa deste Ser, dança,
Ao ouvido te direi aonde leva a sua dança." (Rumi)

Aonde leva essa dança? Você é quem determina com o seu passo!

quinta-feira, 22 de maio de 2014



Escrever para mim é  como experimentar várias aventuras. Quando você escreve, você pode ser o que você quiser. Ninguém vai te julgar por agarrar o príncipe encantado ou dizer que você é nova demais para matar um dragão. Por meio da escrita, você pode ter tudo o que sonhar, mesmo que seja apenas na imaginação. Para escrever não existe limite e tudo que parece impossível ou perigoso fica salvo pela segurança do papel. 


quarta-feira, 21 de maio de 2014


Ás vezes, viver é como rabiscar numa lousa de giz, apagar tudo e tentar redesenhar usando a poeira não varrida que sobrou no canto do chão. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Droga Homeopática

Não é de hoje a minha frustração com você. É certo que já quis que você parasse, voltasse ou freasse um pouquinho, mas hoje preciso de uma dose alta de velocidade, quero que você passe bem rápido. Só hoje, pelo menos hoje.
Gostaria que você voasse pelos mesmos motivos que já quis que você não passasse nunca. Pode, por favor, voar tão rápido a ponto de me fazer perder qualquer noção dos fatos? Pode, por favor, voar para um futuro onde eu tenha de novo a sensação de sentir você parado?
Já me disseram que você pode sim curar minhas feridas, apagar meus sentimentos ou pelo menos esfriar eles um pouquinho, mais do que isso, já me disseram que você é a única solução.
Desculpa te perturbar, tempo, é que cansei de ouvir que você é o melhor remédio. E se fosse mesmo? Porque não te compro em nenhuma farmácia? Que droga homeopática!


segunda-feira, 5 de maio de 2014

Não sei muito além do meu mundinho, mas sou de natureza interessada no que os outros tem a dizer. Posso ser o que chamam de companhia agradável para um café da tarde ou um jantar no meio da semana.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Com você houve aquele entendimento tácito...
Conversávamos como quem se encontra no trem ou na fila do banco, com a ideia de que provavelmente não nos encontrariámos de novo.
E ainda assim eu reconhecia a segurança no seu olhar de que nada do que eu te dissesse de confidente pudesse mudar sua opinião bem formada a meu respeito. E isso me dava a liberdade de ser eu mesma!

quarta-feira, 23 de abril de 2014


As vezes o amor não vem como fogos de artifício enchendo o seu estômago de borboletas e tirando a força das suas pernas. Tem vezes que ele vem devagarinho, como vários tijolinhos que são colocados cuidadosamente todos os dias um em cima do outro, bem devagar. Amar devagar é como construir um lugar para morar. Quem ama devagar se sente em casa.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Laços

Desde menina tive uma afeição especial por laços de fitas, talvez por ser menina e essa cláusula já tenha vindo de carona com a minha condição de existência, talvez não, mas a verdade é que em todas as circunstâncias os laços de fitas são sempre muito especiais.

Gosto de fitas coloridas unidas como flores, para mim, isso sim é perfeição; não é a toa que as damas jogavam fitas a seus cavalheiros. Porque laços de fitas não são apenas laços de fitas, eles vão muito além de qualquer quesito de adorno.

Não se amarram fitas como se amarram os sapatos, e por isso, os nós nada têm a ver com os laços. Eu quero mesmo é a leveza das fitas que se entrelaçam, embora exista algo na mitologia denominado “nó de górdio”, que ao contrario dos laços, é impossível de desatar.

Acontece assim: uma fita, um ato de coragem, um sucesso, um momento, uma pessoa, algo que por algum motivo mereceu ser laçado e que permanecera atado até que alguém desamarre... Então, um conselho: Busque laços firmes e desate, ainda que seja necessário cortar, os nós!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

L'amour est un je ne sais quoi



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- 'L'amour est un je ne sais quoi, qui semblé je-ne-sais-où, et qui finit je-ne-sais-quand.

Que cor você têm? Qual é o seu sabor? Você é quadrado ou curvilíneo? Tem aroma de uva ou morango? Você é áspero ou liso? Vem de dentro ou de fora? Qual é a sua fonte?

Mademoiselle de Scudéry, primeira mulher literata da França e do mundo, acertou quando lançou a incerta afirmação de que “O amor é um não sei o que, que surge não sei de onde e acaba não sei como”.

A gente nasce, cresce, vive e morre, mas não é possível fazer nada disso sem o amor, mesmo que alguns não acreditem nisso. Nós não sabemos ao certo como defini-lo ou classificá-lo e muitas vezes ele passa tão despercebido que é preciso perdê-lo para só então reconhecer que ele estava ali a todo o tempo, mas a real é que desde os primórdios estamos fadados a senti-lo.

Os contos de fadas nos ensinam que devemos ser princesas e esperar pelo príncipe encantado, os filmes de Hollywood de que devemos correr para o aeroporto sem bagagem e apanhar o próximo vôo, as novelas nos contam que tudo termina em festa e casamento, os romances nos narram um drama nem sempre feliz e a vida ensina que em alguns momentos devemos ser racionais e nunca mergulharmos de cabeça. Mas o amor é uma formula muito maluca, instável e nada universal, cada um interpreta e segue como bem entende ou ás vezes nem entende, mas segue- e é aí que a compatibilidade se torna algo tão raro diante de um sentimento tão intangível.

Muitos tentam explicar, poucos conseguem... Mas há boatos de que essa formula é mágica e é capaz de tirar a visão de uns, fazer outros voarem, provocar borboletas na barriga de alguns, roubar pensamentos de outros de novo, é capaz até de fazer pessoas cometerem devaneios, virarem poetas, causando insônias e outros distúrbios não menos graves, pois como definira Platão em alguns de seus diálogos "Amor: uma perigosa doença mental".

A verdade é que é impossível viver sem se banhar deste frasco, porque mesmo as feridas que ele causa são gostosas de viver, pois são intensas e inapagáveis- como já dizia Camões é uma ferida que dói e não se sente. E acredite, até quando você estiver tentando fugir dele, o amor vai te pegar!

Eu, como todo ser humano, já senti, já sofri, já pensei que não ia sobreviver sem, e já sobrevivi também. Houve um tempo não muito distante que eu costumava idealizar esse sentimento, sempre acreditei nos contos de fada e sempre esperei que eu pudesse transformar minha vida em um; e digo que isso não é tão ruim, viver uma ilusão no mundo das fantasias faz parte do aprendizado. A gente quebra a cara, a gente se entrega e no fim vai valer à pena, seja por bem ou por mal. O importante é aprender e entender que nunca será a ultima vez que isso irá acontecer e que quando acontecer de novo não será necessariamente sofrível igual ou pior, poderá ser melhor, e isto faz parte do ciclo natural da vida, de fato!

Para os acéticos não existe fada madrinha, esse lance de cavalo branco já ficou ultrapassado, o celular é mais viável do que tomar um taxi à jato até o próximo saguão de aviões. Acho isso triste, mas temos que respeitar a maneira de cada um, talvez as pessoas tenham se assustado com Nietzsche e seu argumento de que"O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são." E vivam na defesa seguindo a risca o conselho do guia dos mochileiros que alerta: “AMOR, evite se possivel”.

Concordo com Nietzsche, e também com o guia dos mochileiros, mas quando a coisa se torna impossível de evitar, aí voce está perdido e “o que não tem remédio, remediado está.” Chega a hora do senhor tempo fazer seu trabalho. A sua cor não importa mais, o seu sabor é mero detalhe, a sua forma é dispensavel, o importante é estar sempre de peito aberto para então senti-lo; sentir, sentir e sentir, sentir da maneira mais verdadeira possivel. É importante também, conseguir manter esse peito aberto, mesmo com o coração doído. Porque a gente nunca sabe o que está por vir, afinal, parafraseando mais uma vez Mademoiselle: “O amor é um não sei o que, que surge não sei de onde e acaba não sei como”.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Caixa de lembranças


Peguei aquela caixinha que ganhei de presente e estava encostada no canto do meu armário há meses, respirei fundo três vezes enquanto desgrudava algumas fotos do painel. Suspirei alto para enganar o choro ao ler pelas últimas vezes as suas cartas, deixando uma, duas, ou mais, manchas de água dos olhos escorrerem no papel- desejei que caíssem todas em cima de sua assinatura- para borrar um pouco do que ainda existia nítido dentro de mim.

A caixinha foi ficando cheia; cheia de lembranças, sentimentos, beijos, abraços, diálogos, carinho, um pouco de briga, bastante de um amor que já ganhava um dedo de pó e uma porção de lágrimas que inundavam tudo isso.

Eu estava determinada a guardar você e tudo o que vivemos ali, para que o meu coração ficasse menos apertado, mais leve, e quem sabe ganhasse espaço para amar de novo, um dia, alguém, outra vez, quem sabe?

Ontem ,por teimosia, desobedeci a mim mesma e resolvi abrir a tal da caixa, e foi como no mito de Pandora: a libertação de todos os males seguida da falta de esperança. É difícil saber que tudo isso está cada vez mais enterrado entre nós.

Queria poder ficar bem vazia, igual a caixinha nova que ainda não ganhei. Caixa nova, vida nova, espaço novo e nada de você.