sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pés, para que te quero, se tenho asas para voar?

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Pies para qué los quiero si tengo alas pa' volar? (Frida Kahlo)

Recebi um presente, era um pacote bonito e rebuscado, com uma embalagem difícil de abrir, pois é, tive que dar pulos para impulsionar forças e só assim consegui destroçá-la. Depois de muita cerimônia, abri o tal pacote. Duas peças, branquinhas, fofinhas, tão bonitinhas, serenas. Que paradoxo! Tanta audácia, tanta cerimônia, para abrir algo tão sereno e pacífico. Um par de asas, que presente esquisito, que coisa mais sem sentido, “sem pé nem cabeça!”, exclamei. Perguntei-me então, quem será que com asas me presenteou? A resposta? Encontrei no meu íntimo.

Longe de ser pássaros com seu vôo intenso, longe de ser águias com seu vôo veloz, longe de ser anjos com seu vôo sereno, longe de ser fada com seu vôo sutil, longe de ser Hermes com seu vôo noturno, longe de ser qualquer ser de asas, voei... Quis voar para longe de mim, quis voar para longe de tudo, quis voar no infinito, lá bem perto de outro mundo. Parei, pensei e sem pensar tomei um embalo, voei novamente... Como é boa essa adrenalina de alçar vôos, como é bom esse sentimento de se sentir livre. Asas, asas, asas, às vezes a gente precisa perder o chão para aprender-te acioná-las... E foi quando eu percebi que meus pés já não pisavam em superfícies planas que planejei meu vôo plano. Ótimo plano, ótima saída, ótima despedida. Despedida? Sim, asas na imaginação, asas no coração, asas na sensação, asas até na ilusão... Acredito não ser mais o mesmo ser que antes não possuía asas, sendo assim, não ligo, não me importo porque acredito que as melhores coisas da vida acontecem longe do chão, sim, lá bem perto de outro mundo.

Acredito que a razão tem pés, e eu já não tenho mais pés, já não tenho chão, apenas asas, asas no coração, que livre, nunca tropeça com a estática e dura pedra da razão.

Sobre a sensação:

O bom de voar é poder estar em qualquer lugar, a qualquer hora, sem tempo e sem razão. Para esquecer-se de tudo, para encontrar coisas que você não encontra no chão, para ser livre, para ser o que você quiser; o poder e a leveza de voar são peculiares; dê-te de presente um par de asas, um par de asas basta... É um presente sem pé nem cabeça, mas como já dizia Frida Kahlo: “'Para que preciso de pés quando tenho asas para voar? '' ainda acrescento em versão particular, “Cabeça, para que te quero, se tenho coração para sentir?”Pronto para se aventurar com mais fluidez?

Então vista suas asas e decole ligeiramente pela vida, transcendendo assim, a sua opaca e tênue condição humana de se limitar ao chão!

Um beijo, um abraço, um sorriso, um sentimento, uma emoção, uma canção, são todos meros presentes alados que nos deparamos todos os dias, o importante é saber incorporar essas asas...

Um pouco sobre Frida Kahlo:

Para conhecer a pintura de Frida é necessário conhecer um pouco de sua vida. O meu interesse por suas obras surgiu a partir do quadro “viva la vida”. Admiro a ousadia de Frida, mesmo com tamanho sofrimento na vida, conseguir sobreviver sem perder a força e a dignidade, expressando assim, com personalidade unânime, tudo o que passava por meio de suas obras.

Deixo créditos e admiração para Frida... Uma mulher digna de contemplação.

2 comentários:

  1. A mente que comanda nossos passos, e o coração que nos dá asas, e mais o espírito que se conecta com o viver e com ele dialoga, são todas partes de um todo, único em cada pessoa, em constante mutação.
    Seja completa, Mariana, e continue a compartilhar neste blog as flores que você cultiva na sua caminhada.
    Adorei esse texto!

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