sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Caixa de lembranças


Peguei aquela caixinha que ganhei de presente e estava encostada no canto do meu armário há meses, respirei fundo três vezes enquanto desgrudava algumas fotos do painel. Suspirei alto para enganar o choro ao ler pelas últimas vezes as suas cartas, deixando uma, duas, ou mais, manchas de água dos olhos escorrerem no papel- desejei que caíssem todas em cima de sua assinatura- para borrar um pouco do que ainda existia nítido dentro de mim.

A caixinha foi ficando cheia; cheia de lembranças, sentimentos, beijos, abraços, diálogos, carinho, um pouco de briga, bastante de um amor que já ganhava um dedo de pó e uma porção de lágrimas que inundavam tudo isso.

Eu estava determinada a guardar você e tudo o que vivemos ali, para que o meu coração ficasse menos apertado, mais leve, e quem sabe ganhasse espaço para amar de novo, um dia, alguém, outra vez, quem sabe?

Ontem ,por teimosia, desobedeci a mim mesma e resolvi abrir a tal da caixa, e foi como no mito de Pandora: a libertação de todos os males seguida da falta de esperança. É difícil saber que tudo isso está cada vez mais enterrado entre nós.

Queria poder ficar bem vazia, igual a caixinha nova que ainda não ganhei. Caixa nova, vida nova, espaço novo e nada de você.

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