quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Vocês já pararam pra observar quantas e tantas pessoas cruzam nossos caminhos, todos os dias? Milhões de passantes trafegam pela vida, trocando conosco meros olhares, olhares intocáveis, frios, fugidios, apenas olhares... Hoje, resolvi sentar no ônibus e quebrar esse paradigma de olhar superficialmente as coisas, mergulhei em cada olhar com o coração. Entrei, sentei, olhei, mas não com olhos de quem vê, hoje vaguei com olhos de quem contempla... Indo muito além da janela do ônibus, tentei me debruçar por todas as janelas d’alma que cruzei. Olhei para o menino desajeitado que mal viu o sinal verde se abrir; para o casal de velhinhos que andavam de mãos dadas; para a menina de óculos que levava livros de baixo do braço; o homem alto de terno pendurado no celular; o indivíduo de bigode que gritava palavras ofensivas para o motoqueiro que costurava o trânsito adoidado; para a menininha abraçando a boneca no bando de trás da van; para a jovem com a cara fechada sentada na calçada; para as três amigas dando gargalhadas... E ao olhar, contemplei... Contemplar no dicionário significa: olhar atentamente, embevecidamente e demoradamente; admirar, meditar em, refletir. Pois foi o que fiz, pensei no amor do casal de velhinhos; nas preocupações do moço de bigode que o fizeram gritar, que podem ser tão forte quanto as que fizeram o motoqueiro cometer loucuras de velocidade; pensei no conhecimento escondidos atrás das lentes dos óculos da menina com os livros; no sonho que a menininha abraçava apreensiva, que pode ser tão grande quanto o sonho do menino desajeitado que, extasiado, nem percebeu o sinal se abrir; pensei nas encrencas que o homem alto de terno tentava resolver no celular e também na tristeza que ele levava no fundo dos olhos, não tão profunda quanto à tristeza da menina da calçada, que parecia sofrer de amor, mas tão distinta do sentimento das três amigas, que supostamente comemoravam uma conquista... Contemplar é muito mais do que brincar com esse mundo de aparências, é a cima de tudo desvendá-lo...
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